Activistas manifestam-se no Porto

Porto, 2007/09/16 — Os Ministros da Agricultura da União Europeia reuniram-se este fim-de-semana no Porto, para uma reunião informal (no âmbito da presidência portuguesa), tendo como objectivo principal a discussão sobre o futuro da agricultura europeia. A Plataforma Transgénicos Fora organizou uma acção de rua neste Domingo, dia 16, que contou com a participação de cerca de 80 pessoas de diferentes faixas etárias, que exigiram o direito a optar pelo cultivo e consumo de alimentos livres de transgénicos. A Greenpeace Internacional deslocou-se a Portugal para apoiar esta acção.

Activista francês José Bové em greve de fome contra transgenicos

O activista francês contra transgénicos e a “fast food”, José Bové, e 15 outros activistas iniciaram um Paris uma greve de fome para conseguir a activação em França da cláusula de salvaguarda que permite ao país proibir a cultura de milho OGM, autorizada na União Europeia.
“Vamos até ao fim, até que a cláusula de salvaguarda seja activada”, declarou Bové numa concentração perto da Torre Eiffel. O activista garantiu que deixou de se alimentar “anteontem à noite” e apenas bebe água.
“Espero que compreendam depressa e que não sejamos obrigados a manter esta greve de fome durante semanas”, acrescentou, lamentando o silêncio do Governo francês relativamente a uma moratória ao milho OGM 810, o único cultivado em França, com 22 mil hectares em 2007.
Além destes activistas em Paris, “outras pessoas estão empenhadas em realizar greves de fome durante períodos curtos na província”, precisou Bové.
Esta manhã, cem pessoas reuniram-se na base da Torre Eiffel e marcharam com faixas contra os OGM (organismos geneticamente modificados). Depois reuniram-se em frente ao Ministério da Ecologia, onde foi instalada uma caravana a simbolizar um “piquete de vigilância”, contou Bové.
Em Outubro, o ministro da Ecologia Jean-Louis Borloo disse na Assembleia Nacional que a França iria aplicar a “cláusula de salvaguarda” junto de Bruxelas. Esta cláusula permite a um país europeu proibir um OGM autorizado a nível comunitário, com a condição de justificar essa medida com um dossier científico.
No entanto, o Governo decidiu apenas congelar a venda de sementes OGM até Fevereiro. "Quer dizer, no Inverno, quando ninguém as compra", notou Bové.“O dossier está pronto. Não há mais nada para enviar para Bruxelas”, sublinhou Bové. No entanto, o Ministério da Ecologia explica que ainda é preciso um novo aviso científico para activar a cláusula. Esse aviso deve ser enviado a 11 de Janeiro.

Curiosidades sobre OGM´s

- O primeiro OGM criado foi a bactéria Escherichia coli, que sofreu adição de genes humanos para a produção de insulina na década de 1980;


- Em 1981 alguns cientistas produziram, na Universidade de Ohio, o primeiro animal transgênico, transferindo genes de outros animais para um rato;


- Em 1983 foi obtida a primeira planta transgénica;


- A primeira vacina GM criada foi contra a hepatite B, em 1984.


- As plantas GM resistentes a insectos, vírus e bactérias foram testadas em campo pela primeira vez em 1985;


- Em 1987, no Reino Unido, foram adicionados genes em plantas de batata para que estas produzissem mais proteínas e aumentassem o seu valor nutricional;


- Em 1990 foi criada a primeira vaca transgénica para produzir leite com proteínas do leite humano para crianças;


- A primeira experiência bem-sucedida em campo ocorreu em 1990 com plantas de algodão geneticamente modificadas resistentes ao herbicida Bromoxynil;


- Em 1994 foi aprovado para comercialização o primeiro produto para a alimentação proveniente da biotecnologia vegetal: o tomate transgênico Flavr Savr TM;


- Foi aprovada em 1994 a primeira planta transgénica, desenvolvida pela Monsanto, uma variedade de soja designada Roundup Ready TM, resistente a um herbicida;


- O arroz dourado, enriquecido com betacaroteno, foi desenvolvido na Alemanha em 2000.

Argumentos contra os OGM´s

Quanto aos argumentos contra estes organismos temos por exemplo o facto de os animais serem providos de sistema nervoso e de uma sensibilidade muito comparável à nossa.
Os animais, ao terem um organismo tão complexo serão os cientistas capazes, na verdade, de controlar e prever todos os efeitos que possam ocorrer, será outro aspecto importante.
A modificação genética de plantas coloca problemas quanto ao seu impacto no ambiente natural e à sua utilização enquanto alimentos. Nestes casos, só podem ser utilizados genes sem efeitos nefastos para não contaminar plantas de cultivo e selvagens vizinhas.

Argumentos a favor dos OGM´s

- As plantas transgênicas não têm a toxicidade, os compostos cancerígenos, ou alergénios como muitos corantes, conservantes e outros aditivos que são adicionados a muitos produtos alimentares que consumimos e contra os quais, infelizmente, poucas vozes se levantam.


- A Engenharia Genética, para além de cumprir objectivos científicos e comerciais, cumpre também objectivos humanitários.


- Os alimentos transgénicos não apresentam mais riscos para a saúde do que os tradicionais.


- Uma planta transgénica possui a mesma garantia que um medicamento, pois passa por controlos adicionais que não são exigidos a um alimento normal.

A situação em Portugal

Infelizmente, pouco se sabe sobre a produção e comercialização de OGM. Existem vários locais do país com campos experimentais de diferentes variedades de milho geneticamente alterado e no ano de 1999 duas variedades de milho transgênico foram licenciadas. Comissões encarregues de estudar os efeitos dos OGM e mecanismos de controlo são pouco conhecidos ou inexistentes. Recentemente o Secretário de Estado da Saúde afirmou que a questão ainda não tem um plano definido, mas que “vai ser estudada dentro em breve”. Entretanto, os produtos geneticamente alterados continuam a circular livremente em Portugal, sem que haja qualquer indicação ao consumidor do que os alimentos contêm.

Aplicações dos OGM´s

No controle de pragas: a perda de colheitas devido à acção de pragas traz prejuízos avultados aos agricultores. A indústria biotecnológica desenvolveu plantas geneticamente modificadas que produzem o seu próprio pesticida ou que são resistentes à aplicação de um herbicida. Desta forma, as culturas não são afectadas e a aplicação de herbicidas é inferior, minimizando os problemas ambientais.


Na resistência a doenças: muitos vírus, fungos e bactérias são responsáveis por várias doenças que afectam as plantas. A engenharia genética tem desenvolvido formas de introduzir nestas espécies vegetais, genes que conferem resistência a organismos patogénicos.

Na tolerância à geada: as geadas são uma das causas da perda de colheitas. Foi descoberto num peixe, um gene que impede a formação de gelo, tendo sido introduzido no ADN do tomate e do tabaco. Desta forma, produzem uma proteína que, aderindo à superfície dos caules e das folhas, impede a formação dos cristais.

Na fito-remediação: a poluição do solo e dos lençóis freáticos é um problema extremamente grave e comum em todo o Mundo. É possível alterar geneticamente determinadas plantas de modo a aumentar a sua capacidade de absorver metais pesados e outros contaminantes.

Desvantagens no seu consumo

. Riscos de contaminação genética da biodiversidade;
. Aumento da resistência a antibióticos e aparecimento de novos vírus, decorrente da recombinação de vírus “fabricados” com outros já existentes;
. Poluição ambiental;
. Extinção de espécies animais e vegetais;
. Aparecimento de alergias;
. Alteram negativamente as características do solo;
. Conduzem ao aparecimento de pestes e pragas resistentes ao uso de pesticidas;
. Induzem e permitem o uso de mais pesticidas na agricultura;
. Contaminam a agricultura convencional e biológica.

Os OGM´s são seguros?

Diferentes OGM´s incluem genes diferentes inseridos de maneiras diferentes. Isto significa que cada OGM e sua segurança devem ser avaliados caso a caso e que não é possível fazer afirmações genéricas sobre a segurança de todos os OGM´s.
Os OGM´s actualmente encontrados no mercado internacional passaram por avaliações de risco e provavelmente não apresentam riscos para a saúde humana. Além disso, nenhum efeito à saúde humana foi demonstrado como resultado do consumo destes alimentos pela população em geral nos países onde foram aprovados.

Quais os pontos de preocupação em relação ao meio ambiente

Os pontos de preocupação incluem:
(a) a capacidade do gene escapar e ser potencialmente introduzido em populações selvagens;
(b) a persistência do gene após o OGM ser colhido;
(c) a estabilidade do gene;
(d) o aumento do uso de produtos químicos na agricultura;
(e) a perda da biodiversidade;
(f) a susceptibilidade de organismos não objectivados (ex. insectos que não são pragas) ao gene do produto.

Como são determinados os potenciais riscos para a saude humana

A avaliação de segurança dos OGM´s geralmente analisa:
(a) os efeitos directos na saúde (toxidade);
(b) a tendência de provocar reacção alérgica (alergenicidade);
(c) componentes específicos que se acredita terem propriedade nutritivas ou tóxicas;
(d) a estabilidade do gene inserido;
(e) efeitos nutritivos associados à modificação genética;
(f) quaisquer efeitos indesejáveis que poderiam resultar da inserção do gene.

Organismos Geneticamente Modificados: O que são?

Um organismo geneticamente modificado é um microrganismo, um vegetal ou um animal cujo genoma inclui um fragmento de ADN alheio que foi inserido por um procedimento experimental de recombinação. Esse ADN adquirido por um OGM faz parte integrante do material genético do seu hospedeiro. É transmitido à sua descendência que constitui uma nova estirpe de organismos vivos.

Porque são produzidos os OGM´s

Os OGM são desenvolvidos – e comercializados – porque há uma certa vantagem para o produtor ou para o consumidor destes alimentos. Isto deve ser entendido como um produto com preço reduzido, maior benefício (em termos de durabilidade ou valor nutritivo) ou ambos.
O objectivo inicial para o desenvolvimento de plantas baseadas em OGM´s era melhorar a protecção da produção. As culturas GM que se encontram actualmente no mercado são basicamente direccionadas para um maior nível de protecção através da introdução da resistência contra as doenças das plantas que são principalmente causadas por insectos, vírus ou por um aumento da tolerância aos herbicidas.